A Psicossomática, é uma área, que desde sua origem, convida os profissionais de saúde, a olharem o ser humano de forma integra e ampla, como um ser biopsicossocial que é. E, darem passos para além da clínica tradicional, trabalhando em equipe multiprofissional para melhor compreensão, acolhimento, direcionamento e diretivas sobre os possíveis fenômenos que ali se apresentam, possibilitando condutas profissionais mais acolhedoras e eficazes no trato do ser humano e na busca da saúde.
Danilo Perestrello, um dos principais expoentes aqui no Brasil, defendeu em sua teoria e prática da Psicossomática, a importância dessa integração com diferentes especialidades para a compreensão do adoecer.
A Psicossomática é um método que promove um estudo sistemático das relações existentes entre os processos sociais, psíquicos e corporais, na busca da promoção aos cuidados da saúde orgânica, psíquica e social, tendo como maior motivação o diálogo entre saberes diversos em prol da assistência ao paciente (RODRIGUEZ, PARAHYBA CAMPOS e PARDINI, 2020, p. 2).
Boss (MATTAR, DAS CHAGAS ALEIXO, et al., 2016) em sua obra Introdução à Medicina Psicossomática, e utilizando a perspectiva daseinsanalítica, sugere que se pergunte em cada adoecer qual é a relação com o mundo que se encontra perturbada, quais as possibilidades existenciais que um determinado adoecer impede que se realizem.
Há casos, que além de questões de adoecimentos, nos convida a refletir sobre a existência em si dos pacientes, suas histórias de vida pregressas, contextos vivenciados, possíveis não realizações e suas relações com o mundo. Desse modo, acolhemos os pacientes e apreendemos o que os perturba e adoece e assim, buscamos modos de ajudá-los ou ao menos minimizar seus sofrimentos.
Durante minha pós graduação em Psicossomática, na Faculdade de Ciências médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSC_SP), foi possível, via atendimento em equipe multidisciplinar, vivenciar essa realidade e confirmar em alguns atendimentos que “… quando a saúde física não vai bem a saúde emocional fica abalada… a recíproca é verdadeira: quando a cabeça anda cheia de preocupações – por motivos financeiros, familiares, profissionais, sociais -, aumentam as possibilidades de o organismo adoecer.”, conforme citou em seu livro, o nosso professor e orientador Dr Artur Zular (Sobre questões de saúde, (ZULAR, 2011, p. 33)
Marco Silva (HISADA, 2011) diz que “O indivíduo faz do corpo o palco para a expressão de sua angústia.” A partir disso, podemos considerar que as doenças, do paciente, que foram se desenvolvendo com o tempo, tinham um mecanismo de propulsão, que gerou tantas tentativas de adaptação, esforço, homeostase, até que, o corpo exausto foi apresentando os sinais, os resultados de algo que não era satisfatório para aquela vivência.
Décio Tenenbaum ao prefaciar o livro Psicologia da saúde hospitalar (RODRIGUES, CAMPOS, et al., 2020) nos traz uma visão, importante sobre a pessoa e seu adoecer ao pontuar que, “As apresentações clínicas revelam o entrelaçamento entre a biografia, as circunstâncias pessoais e o adoecimento, confirmando a impressão de que muitas doenças são ontopatias, adoecimentos decorrentes do estar-no-mundo da pessoa”
Por fim, convido você a pensar como está o palco da sua vida, como você vem expressando suas vivências, frustrações e emoções?
Vamos conversar sobre tudo isto?

FONTE:
Trechos de texto extraídos do meu TCC em “Psicossomática: As dores e frustrações de uma não realização pessoal: Relato de caso” – Sob orientação e supervisão técnica do Dr. Artur Zular – Curso de Pós-graduação e Professor Dr. Médico Cardiologista na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – FCMSCSP/ Associação Brasileira de Medicina Psicossomática de São Paulo – ABMPSP – Mai/2021.
HISADA, S. Conversando sobre Psicossomática. 2a. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2011.
MATTAR, C. M. et al. Da tradição em Psicossomática às considerações da Daseinsanálise. Psicologia Ciência e Profissão, Rio de Janeiro, v. 36, n. 2, p. 317-328, Abr/Jun 2016. Disponivel em: <https://www.scielo.br/pdf/pcp/v36n2/1982-3703-pcp-36-2-0317.pdf>. Acesso em: 31 março 2021.
PERESTRELLO, D. A medicina da pessoa. 3a. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 1982.
RODRIGUES, A. L. et al. Psicologia da saúde – hospitalar: abordagem psicossomática. Barueri: Manole, 2020. p.XX
ZULAR, A. Sucesso sem Stress. 4a. ed. Rio de Janeiro: BestSeller, 2011. 33 p.

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